Em 1934 aconteceu a segunda edição da Copa do Mundo, a primeira em solo europeu e primeira a ser conquistada por uma seleção do Velho Continente, caso da Seleção Italiana, que venceu em casa com a sombra do fascismo.
O torneio e, posteriormente, conquista do Mundial foi uma poderosa máquina de propaganda do ditador Benito Mussolini, que propagava o fascismo na Terra da Bota. Inclusive, potencializou a simpatia do povo italiano com o futebol, numa época em que o esporte mais popular no país era o ciclismo.
Mussolini queria a Azzura campeã a qualquer custo e, a partir disso, teria organizado manobras para que isso acontecesse, com direito a discurso de morte para os jogadores caso não fossem campeões. Por isso, o técnico Vittorio Pozzo resolveu levar os atletas para fazer a preparação na Suíça, fugindo um pouco da pressão.
Uma estratégia utilizada pela Itália foi chamar sul-americanos com as ascendências italiana para disputar a Copa do Mundo, caso, por exemplo, do brasileiro Filó. Naquela época, o torneio já começava na fase de mata-mata e, nas oitavas de final, a Seleção Italiana encarou os Estados Unidos e não teve piedade com uma goleada histórica (7 a 1).
Nas quartas de final, no entanto, encontrou dificuldade para superar a Espanha. Os times empataram no primeiro jogo (1 a 1), mas no confronto de desempate os italianos levaram a melhor, mas com um placar magro (1 a 0). Chegando na semifinal, a Itália encarou a Áustria e venceu novamente de forma apertada (1 a 0), se classificando à final.
A adversária na finalíssima foi a Tchecoslováquia, que havia superado a Alemanha Nazista, uma potência na modalidade já na época. Com Mussolini e 50 mil pessoas presentes em Roma, a Seleção Italiana suou, assim como nas duas fases anteriores, mas venceu de virada na prorrogação (2 a 1), gols de Raimundo Orsi e Angelo Schiavio, se sagrando campeã da Copa do Mundo, garantindo o prestígio do futebol e do fascismo entre a população.
Curiosidades
A Seleção Brasileira fez sua pior campanha na história das Copas em 1934, atrapalhado pela briga política entre a Federação Brasileira de Futebol (FBF), a favor da profissionalização, e a Confederação Brasileira de Desportos (CBD), favorável à continuidade do amadorismo. Nesse contexto, não se viu o melhor plantel do Brasil no torneio, não à toa foi eliminado de imediato, para a Seleção Espanhola, com uma derrota (3 a 1) e a 14ª colocação.
O time brazuca era comandado por Luis Vinhaes, que venceu o Campeonato Carioca pelo São Cristóvão, e o time-base era o Botafogo, o time que mais cedeu jogadores à Seleção Canarinho na história. A efeito de curiosidade, Leônidas da Silva foi o autor do único gol da do Brasil na competição, ele que voltaria a disputar em 1938.
Mussolini foi uma figuras onipresente e “esteve” em todos os jogos daquele Mundial, uma estratégia para propagar o seu regime. No entanto, acredita-se que isso foi possível somente com o auxílio de sósias que se passaram pelo ditador em algumas partidas. O líder fascista ainda teria influenciado “erros” grotescos da arbitragem em algumas oportunidades, como na polêmica quartas de final contra a Espanha. Inclusive, foi a partir disso que os espanhóis ficaram conhecidos como “A Fúria”.
Na disputa pela artilharia, três jogadores ficaram empatados no topo. todos com quatro gols, casos do tcheco Oldřich Nejedlý, o italiano Angelo Schiavio e o alemão Edmund Conen. O prêmio de craque da Copa do Mundo ficou com o lendário Giuseppe Meazza, que ao longo da carreira conseguiu a proeza de ser ídolo nos rivais Milan e Internazionale. Inclusive, teve o nome eternizado no estádio do último.
A tensão natural de uma decisão foi ampliada com uma ameaça. Antes de entrar em campos, os atletas da Itália receberam um bilhete de Mussolini com os dizes: “Vitória ou morte”. Outros pontos que podem ser lembrando do torneio foi que a Seleção Uruguaia, atual campeã, não participou daquela edição como represaria ao boicote europeu em 1930. Enquanto isso, a Inglaterra não foi por estar brigada com a FIFA.
Mesmo no papel de país-sede, a Seleção Italiana precisou disputar as Eliminatórias, um caso inédito na história das Copas. Naquela edição, o Egito se tornou o primeiro africano a disputa um Mundial. Sobre a decepção do torneio, o posto ficou com a Áustria. Mesmo tendo ido bem chegando à semifinal, não foi entregue o que se esperava da seleção que um ano antes era chamado de “Time Maravilha”, que tinha o craque Matthias Sindelar. Anos depois, o atacante ficou conhecido como o homem que desafio o Adolf Hitler.
Elenco da Seleção Italiana de 1934
Goleiros
- Gianpiero Combi
- Guido Masetti
- Giuseppe Cavana
Zagueiros
- Eraldo Monzeglio
- Luigi Allemandi
- Virginio Rosetta
- Umberto Caligaris
Volantes
- Luigi Bertolini
- Armando Castellazzi
- Mario Varglien
- Luis Monti
Meias
- Giovanni Ferrari
- Attilio Demaría
- Attilio Ferraris
- Mario Pizziolo
Atacantes
- Angelo Schiavio
- Raimundo Orsi
- Pietro Arcari
- Filó
- Giuseppe Meazza
- Enrico Guaita
- Felice Borel
Técnico
- Vittorio Pozzo
VEJA A SELEÇÃO DA TCHECOSLOVÁQUIA DE 1934 E CAMPEÃS DO MUNDO!