O ano era 1968 e o Botafogo conseguia sua primeira estrela nacional. Na época, chama-se Taça Brasil, que foi reconhecido como Campeonato Brasileiro apenas muitos anos depois, em 2010, com a unificação realizada pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF).
Além da Taça Brasil, o Torneio Roberto Gomes Pedrosa ou Taça de Prata foi reconhecido também. A partir disso, o Brasileirão deixou de ter começado em 1971 e passou a ser 1959, quando o Bahia foi campeão. Em 68, o Glorioso contou com um elenco recheado de craques e o comando de Zagallo para levantar o troféu.
Jairzinho, Paulo Cézar Caju, Ferretti e entre outros, foram essenciais para a conquista botafoguense. O último citado, inclusive, foi o artilheiro do torneio com sete gols marcados. Naquela edição, 23 clubes participaram, de todas as regiões do Brasil, casos de:
Água Verde-PR, América-RN, Atlético-GO, Bahia, Botafogo, Campinense-PB, Operário-MT, Cruzeiro, CSA, Desportiva Ferroviária-ES, Fortaleza, Goytacaz-RJ, Grêmio, Metropol-SC, Moto Club-MA, Náutico, Olímpico-MA, Palmeiras, Paysandu, Piauí, Rabello-DF, Santos e Sergipe.
Campanha
Seguindo o regulamento da época, o Botafogo entrou diretamente na fase final, assim como Palmeiras e Náutico (campeão e vice-campeão de 1968, na ordem), além do Santos, que assim como o Fogão entrou como representante da Guanabara. As demais equipes participaram de classificatórias regionais.
Nas quartas de final ou 5ª fase, o Glorioso encarou o Metropol-SC. No jogo de ida, realizado no Maracanã, os donos da casa aplicaram uma sonora goleada de 6 a 1, com gols Humberto, Paulo Cézar Caju, Rogério, Afonsinho e Ferretti (duas vezes). Nilzo descontou para os catarinenses.
Já no confronto de volta, no Estádio Heriberto Hülse, o Metropol venceu por 1 a 0, gol de Toninho. Com uma vitória para cada lado, um terceiro e decisivo jogo teria que ser realizado, segundo o regulamento, no mesmo estádio do segundo confronto, ou seja, em Criciúma.
Polêmica
Entretanto, a Confederação Brasileira de Desportos (CBD), atual Confederação Brasileira de Futebol (CBF), decidiu levar o confronto para Florianópolis, ainda em Santa Catarina, mas longe da torcida do Metropol. O jogo seria uma quarta-feira à noite e o estádio local não tinha iluminação, o que não foi aceito.
Devido ao impasse, a competição foi paralisada por quatro meses. Primeiro, a CBD marcou o confronto para Florianópolis mesmo, mas desfalcado, o Metropol solicitou o adiamento, que não foi atendido e o Botafogo venceu por W.O. Dias depois, a equipe catarinense voltou atrás, conseguiu reverter o revés e um novo jogo foi marcado.
Mais polêmica
O confronto, no entanto, foi levado para General Severiano. O que ninguém esperava era outro contratempo: enquanto os times empatavam em 1 a 1, gol de Rogério para o Fogão e Leocádio para o Metropol, aos 13 minutos do segundo tempo, a partida foi interrompida devido a um forte temporal no Rio de Janeiro.
Um novo embate foi marcado para dois dias depois, mas o Metropol não compareceu, e o Botafogo foi declarado vencedor por 1 a 0.
Mais tarde, a equipe catarinense alegou que a CBD havia liberado o retorno para Criciúma, mas acabou eliminada mesmo. Com o atraso na competição, ficou tarde para render classificação à Libertadores. Sem a vaga, Santos e Palmeiras deixaram a Taça Brasil.
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Curiosamente, o Torneio Roberto Gomes Pedrosa ou Taça de Prata, também considerado Brasileirão mais tarde, era disputado na época. Com a possibilidade de conquistar vaga também pela outra competição, a dupla paulista apostava nisso, mas a CBD acabou se desentendendo com a Conmebol por causa de mudanças nas regras da competição e decidiu não enviar representantes para a edição de 1969.
Na semifinal da Taça Brasil, o Botafogo teve um páreo duro pela frente, o Cruzeiro, que na época tinha um dos melhores elencos do país. Sem tomar conhecimento, o Alvinegro encaminhou a vaga com uma vitória fora de casa por 1 a 0, gol de Ferretti, em pleno Mineirão. No jogo de volta, no Maracanã, o Glorioso segurou um empate em 1 a 1, gol de Roberto Miranda para o mandante e Palhinha para os visitantes, e avançou à final
Campeão!
A equipe carioca teve pela frente na finalíssima o Fortaleza, que na outra semi despachou o Náutico. O equilíbrio marcou o confronto de ida, no Presidente Vargas, e os times protagonizaram um empate movimentado em 2 a 2. Evandir e Joãozinho fizeram para o Tricolor, enquanto Ferretti guardou duas vezes para o Alvinegro.
Entretanto, o cenário foi totalmente diferente no jogo de volta, no Maracanã. Ao lado da torcida, o Botafogo não apenas venceu como goleou a equipe cearense pelo placar de 4 a 0, gols de Roberto Miranda, Afonsinho e Ferretti (duas vezes). Com autoridade, o Glorioso garantiu o primeiro título nacional da sua história.
Artilheiros
- Ferretti – 7 gols (Metropol-SC, Cruzeiro e Fortaleza)
- Roberto Miranda – 2 gols (Cruzeiro, Fortaleza)
- Afonsinho – 2 gols (Metropol-SC e Fortaleza)
- Rogério – 2 gol (Metropol-SC)
- Humberto 1 gol (Metropol-SC)
- Paulo Cezar Caju – 1 gol (Metropol-SC)
Números
Durante a campanha campeã, o Fogão disputou sete partidas, com quatro vitórias (Metropol-SC, Cruzeiro e Fortaleza), dois empates (Fortaleza e Cruzeiro) e uma derrota (Metropol-SC). Nos confrontos, foram 15 gols feitos e cinco sofridos, saldo positivo de 10.
Curiosidades
A edição de 1968 foi a 10ª e última edição da Taça Brasil, que entrou em decadência pela confusão ocorrida durante o torneio. Com a unificação, o Botafogo, que havia sido o último dos grandes campeões do Brasileirão, passou a ser o primeiro. Fluminense (1970), Vasco da Gama (1974) e Flamengo (1980) venceram em seguida.
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Foi também a edição com mais tempo de duração, muito devido ao impasse no confronto entre Botafogo e Metropol. A competição começou em 4 de agosto de 1968 e terminou apenas em 4 de outubro de 1969, ou seja, durou mais de um ano. Outra curiosidade interessante foi que a partir de 68 o primeiro critério de desempate passou a ser saldo de gols.