Elenco da Seleção da Itália 1938

A Copa do Mundo de 1938, disputada na França, aconteceu num contexto político mundial complicado com o avanço de regimes autoritários na Europa, casos do fascismo na Itália, com Benito Mussolini, e o nazismo na Alemanha, com Adolf Hitler. Foi justamente a primeira citada que se sagrou campeã, pela segunda vez na história.

Os italianos já haviam vencido na edição passada, em 1934, jogando em casa. Na época, a conquista foi uma campanha política para o governo. A efeito de curiosidade, a Terra da Bota, nesse meio tempo, ainda venceu os Jogos Olímpicos de 1936, disputado em Berlim, patrocinado pelos nazistas. Nesse contexto, a Seleção Italiana chegava com muita força.

Tanto italianos quanto alemães eram vaiados pelo franceses ao fazerem saudações fascistas nos jogos. O primeiro disputou a competição de preto, cor do fascismo, e o segundo estava estampada a suástica do nazismo. Como já destacado, os italianos se deram bem, porém, os alemães não tiveram a mesma sorte e caíram antes das quartas de final para a Suíça.

Naquela edição, o torneio começou pelas oitavas de final a adversária da Seleção Italiana foi a Noruega e o confronto foi decidido de forma dramática, na prorrogação, com a vitória Azurra (2 a 1). Nas quartas de final, quem estava do outro lado eram os donos da casa, a França, e os italianos venceram em Paris (3 a 1). Na semifinal, o oponente foi a Seleção Brasileira.

Foi um jogo muito disputado e decidido no detalhe, com direito a polêmica. Quando estava empatado com um gol para cada lado, o brasileiro Domingos da Guia agrediu o craque italiano Silvio Piola dentro da área fora do lance e, mesmo do meio de campo, o árbitro suíço Hans Wüthrich, marcou o pênalti. O zagueiro acreditava que a partida estava parada naquele momento e reagiu às provocações italianas.

Na cobrança, Giuseppe Meazza converteu para a Itália (2 a 1). Curiosamente, o atacante deixou o calção cair durante a comemoração por ter rompido o cordão pouco antes da cobrança. Sobre Domingos da Guia, visto como um dos zagueiros mais técnicos da história do futebol brasileiro, cometia ali o terceiro pênalti em quatro partidas da Copa do Mundo. Daquela vez, culminou na eliminação brazuca.

O placar se manteve e a Seleção Italiana avançou à final para encarar a Hungria. Antes do jogo, Mussolini enviou um telegrama ao elenco com os dizeres: “Vencer ou morrer”, o que deixou a todos tensos para o confronto. No fim das contas, foi um grande jogo recheado de gols, com a vitória da Azurra (4 a 2), com gols de Gino Colaussi (duas vezes) e Silvio Piola (duas vezes). Portanto, Itália bicampeão do mundo.

Curiosidades

Com a Guerra Civil em andamento, a Espanha desistiu de participar do Mundial. Outra que não participou foi a Inglaterra, que estava brigada com a FIFA e possuía um senso de superioridade por ser o “berço” da modalidade, não fazendo questão de disputar. Quem esteve de fora também foi a Argentina, insatisfeita por não ser a sede. Inclusive, outras seleções sul-americanas acompanharam o boicote, ocasionando na classificação automática de Brasil e Cuba.

Com grandes jogadores na época, a Áustria foi anexada à Alemanha e viu seus craques solicitados para defender a Seleção Alemã e, por isso, não participou. Judeu, Matthias Sindelar se negou a defender o país. Mesmo com a saída, a tabela não foi modificada e seu oponente, a Suécia, avançou às quartas de final por W.O. Quanto aos alemães, enquanto venciam os suíços (2 a 1), integrantes da comissão técnica enviaram um telegrama informando sobre a vitória, mas não contavam com a reação do adversário (4 a 2).

Como citado anteriormente, a Seleção Cubana esteve naquela edição e foi o primeiro país da América Central a disputar uma Copa do Mundo. Os cubanos, inclusive, passaram das oitavas de final diante da Romênia, com um empate (3 a 3) e uma vitória (2 a 1), mas caíram de forma melancólica para a Suécia (8 a 0). Sobre a Seleção Brasileira, havia um clima de tanta confiança na semifinal que já havia comprado as passagens para a decisão, que seria em Marselha.

Entretanto, mesmo com a derrota, os brasileiros se negaram a ceder as passagens aos italianos, que, no fim das contas, foram de trem. Ainda sobre a Seleção Canarinho, Leônidas da Silva, artilheiro do Mundial com sete gols, não esteve em campo contra a Azzura. Segundo o técnico Ademar Pimenta, o “Diamante Negro” estava contundido e estava sem condições de jogo. Porém, essa versão foi muito contestada.

Outro detalhe curioso sobre a Seleção Brasileira aconteceu nas oitavas de final, na vitória sobre a Seleção Polonesa (6 a 5). Durante a prorrogação, Leônidas da Silva arrebentou a chuteira e, enquanto estava em processo de troca, percebeu um erro na defesa do adversário. A partir disso, entrou em campo descalço e balançou as redes. O artilheiro ficou marcado como único brasileiro a marcar em todos os jogos de Copa do Mundo que disputou.

A edição de 1938 foi especial para os brasileiros, que puderam acompanhar a Copa do Mundo ao vivo pela rádio pela primeira vez. Na estreia, o presidente da França, Albert Labrun, foi convidado para dar o pontapé inicial, mas errou o chute e arrancou um pedaço do gramado, o que rendeu muitas gargalhas no estádio. Por fim, vale ressaltar que as Índias Ocidentais Holandesas, a Indonésia, foi o primeira seleção da Ásia a jogar um Mundial, mas terminou em último.

Elenco da Seleção Italiana de 1938

Goleiros

• Aldo Olivieri
• Guido Masetti
• Carlo Ceresoli

Zagueiros

• Alfredo Foni
• Pietro Rava
• Eraldo Monzeglio

Volantes

• Miguel Andreolo
• Ugo Locatelli
• Mario Genta
• Pietro Serantoni
• Mario Perazzolo

Meias

• Bruno Chizzo
• Aldo Donati
• Piero Pasinati
• Giovanni Ferrari
• Renato Olmi

Atacantes

• Silvio Piola
• Giuseppe Meazza
• Gino Colaussi
• Amedeo Biavati
• Pietro Ferraris
• Sergio Bertoni

Técnico

•  Vittorio Pozzo

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