O berço do futebol mundial demorou para levantar um troféu de Copa do Mundo. No entanto, a espera valeu a pena para a Seleção Inglesa, se considerar que veio num roteiro perfeito, em 1966, jogando em casa.
Precisamente, a edição aconteceu na Inglaterra. Na verdade, antes disso, o English Team nunca havia feito uma campanha empolgante na competição, com direito, por exemplo, a uma dolorida eliminação para os Estados Unidos, em 1950, que nunca tiveram tradição nesse esporte.
Foi a primeira e única vez até então que um Mundial foi realizado na Terra da Rainha e os donos da casa chegaram com grandes craques como os Bobbys Moore e Charlton. Como de praxe no caso do anfitrião, a Inglaterra ficou no Grupo 1 com Uruguai, México e França.
Na estreia, um susto. O English Team apenas empatou sem gols com a celeste (0 a 0). Porém, nos jogos seguintes, venceu mexicanos e franceses com tranquilidade pelo mesmo placar (2 a 0), e assim avançou em 1º. O adversário nas quartas de final foi a Argentina.
Foi um jogo que entrou para a história por um motivo inusitado. Os ingleses venceram os argentinos de forma apertada (1 a 0) e se classificaram. No entanto, o que marcou mesmo foi a expulsão do zagueiro Antonio Rattín por “indisciplina e olhar controverso”, conforme relatado pelo árbitro alemão Rudolf Kreitlein.
O curioso disso é que ele não entendia absolutamente nada de espanhol. Sem entender o que houve de fato, o atleta permaneceu em campo por cerca de 10 minutos, exigindo uma explicação e depois saiu do gramado. A partir disso, a FIFA decidiu colocar os cartões para identificar as punições, ou seja, foi um caso que condicionou uma mudança profunda na modalidade.
Posteriormente, a Seleção Inglesa encarou Portugal, que tinha como principal trunfo o craque Eusébio, o artilheiro daquela Copa do Mundo com nove gols. Numa partida disputada, os donos da casa venceram (2 a 1) e se garantiram na final, onde enfrentaria a Alemanha.
O confronto decisivo aconteceu no Estádio Wembley, em Londres, que recebeu 120 mil pessoas. Como era de se esperar, os alemães, que buscavam o bicampeonato (venceu em 1954) impôs dificuldade para o English Team. Inclusive, chegou a sair na frente, mas os ingleses empataram minutos depois.
A partida seguiu bastante movimentada e a consequência foram muitos gols. Precisamente, o resultado nos 90 minutos foi a igualdade (2 a 2), mas, os donos da casa, na prorrogação, conseguiram a vitória (4 a 2). Com isso, conquistaram a Copa do Mundo de forma inédita.
Entretanto, aquela decisão ficou marcada por polêmicas em dois lances. Os ingleses reclamaram de uma possível mão na bola no gol de empate da Alemanha marcado por Weber, isso já na segunda etapa. No entanto, foi na prorrogação que veio a maior de todas, quando Hurst finalizou, a bola bateu no travessão e na linha, mas a arbitragem, sem muita convicção, sinalizou o gol inglês.
Naquela altura, o English Team desempatou a partida e, posteriormente, conseguiu o quarto gol. Caso o árbitro não desse o gol a história poderia ter sido diferente. Deixando as polêmicas de lado, vale ressaltar o impressionante feito de Hurst. Ele balançou as redes três vezes na final, se tornando o primeiro e único jogador até aqui a conseguir esse feito.
Curiosidades
Na edição, a Inglaterra foi pioneira no uso do esquema 4-4-2, mas não o manteve em 100% dos jogos e chegou a variar para 4-3-3 e 4-2-4. Em específico sobre os ingleses, vale destacar ainda o desempenho de Gordon Banks. O goleiro praticou grandes defesas durante a competição e chegou a ficar 442 minutos sem levar gol na Copa e 721 considerando as partidas preparatórias, um recorde no English Team.
Em Wembley lotado, a Seleção Inglesa recebeu a Taça Jules Rimet das mãos da Rainha Elizabeth II. Sobre a competição em si, aquela edição ficou marcada também por um detalhe curioso. Não houve jogos aos domingos por ser um dia considerado sagrado pela religião anglicana, predominante no país. Portanto, o Mundial começou numa segunda-feira e acabou no sábado.
Quanto a Seleção Brasileira, que chegou na Copa do Mundo de 1966 com muita moral após os títulos em 1958 e 1962, o que se viu foi decepção. Com um planejamento bagunçado e prejudicado pela má fé dos árbitros em deixar passar em branco faltas duras, principalmente em Pelé, o Brasil caiu ainda na fase de grupos. Inclusive, foi a última vez que isso aconteceu até então. A única vitória brasileira foi o 2×0 sobre a Bulgária, jogo esse que foi o último da dupla Pelé e Garrincha pela Seleção Canarinha.
Elenco da Seleção Inglesa de 1966
Goleiros
- Gordon Banks
- Ron Springett
- Peter Bonetti
Laterais direitos
- George Cohen
- Jimmy Armfield
Zagueiros
- Jack Charlton
- Bobby Moore
- Norman Hunter
Laterais esquerdos
- Ray Wilson
- Gerry Byrne
Volantes
- Nobby Stiles
- Ian Callaghan
Meias
- Bobby Charlton
- Alan Ball
- Martin Peters
- George Eastham
- Ron Flowers
Atacantes
- Roger Hunt
- Geoff Hurst
- Jimmy Greaves
- Terry Paine
- John Connelly
Técnico
- Alf Ramsey